Músico Jacintho promove acessibilidade para pessoas surdas
- Fábio Mello
- 2 de set. de 2019
- 2 min de leitura
O músico e compositor lemense Jacintho acaba de lançar nas plataformas digitais seu primeiro álbum autoral Tropical Desespero, com vídeos das músicas traduzidos por um intérprete para a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Uma mistura de ritmos latinos e melodias dão vida a nove canções e um prelúdio, cujas narrativas de amor e histórias do cotidiano podem ser compreendidas e sentidas por todos, inclusive, pela população surda ou com algum tipo de deficiência auditiva.
“Tropical Desespero trata de uma abordagem direta sobre o contexto latino-americano e parte de minha identidade que está ligada ao fluxo migratório nordestino no interior de São Paulo, que tem a ver com o bairro onde cresci e formação familiar. A construção conceitual do álbum carrega uma série de analogias e interpretações que falam sobre as relações humanas”, pontuou o artista.
Até o momento, o músico lemense já lançou sete clipes, com a participação de um intérprete de Libras do início ao fim, em seu canal do YouTube (Jacintho).
"Normalmente, os vídeos trazem o intérprete de libras no cantinho da tela. A ideia foi abrir espaço para a música acessível, colocando a intérprete no centro da tela e como protagonista do vídeo”, explicou Jacintho.
Seu primeiro disco conta com a participação da banda Francisco El Hombre, conhecido por tocar em festivais como Lollapalooza no Brasil e Vive Latino no México.
“A ideia do álbum é justamente referenciar os povos da América Latina que estão por meio dos trópicos e que fazem parte de uma ocupação geográfica tropical, de fartura e riquezas naturais, tão cobiçados por olhares imperialistas. 'Desespero', por exemplo, é sobre o processo de dominação, sobre a diáspora recorrente, exploração e colonização desses povos, de um massacre identitário que perdura há séculos e sem dúvidas segue até hoje”, explica Jacintho.
Com produção assinada por Felipe Cordeiro e Rafael Barone (Liniker e os Caramelows), o músico define o processo de produção como uma relação de complementação e sincronia perfeita. “O Barone tem uma veia muito ligada com aspectos relacionados a timbres, texturas, modo de captação e experiências mais técnicas dentro do estúdio, enquanto que o Felipe é um cara de feeling, articulado na direção artística e levantamento de arranjo”, diz o artista.
Texto: Ricardo Missão
Crédito fotos: Gabriela Araujo
Ouça e Assista "Tropical Desespero" aqui
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